quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Gordo fazendo gordice

Sempre achei o Parkour coisa de liso. Uma babaquice danada os buchas ficarem saltitando pela cidade se achando radicais.

O vídeo desse gordinho pode ser sacaneado só porque ele é meio retardado e cai num movimento relativamente fácil. Mas, se pararmos pra pensar, esse vídeo é a realidade do parkour, pois, seja em qualquer grau de dificuldade, você sempre cairá de forma ridícula e se achando "O Selvagem".


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cuidemos das criancinhas

É mês de São Cosme e Damião, então como primeira homenagem aos bacuris do nosso Brasil apresento aqui este vídeo bem legal do programa Conexões urbanas, no Multishow.

Ele mostra o trabalho de Tião Rocha, um ex-professor universitário que foi pra rua ensinar às crianças coisas que elas aprenderiam no colégio e muito mais. Vejam aí:

"Lugar de criança é na rua!". Vê se você concorda com ele.




Salvem as nossas crianças!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É o Pet! É o Pet! É o Pet! (X 38)

Uma singela homenagem ao craque já deu muitas alegrias a muita gente. Petkovic é o único ídolo ainda jogador que meu pai enaltece. E olha que o velho já viu muita gente jogar bola.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mussum

Na falta de assunto, prefiro lembrar um dos ídolos do blog.

Top 5 do Mussum:













quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Trilha do Tropa de Elite 2

Agora a conversa é sobre cinema. Em outubro sai o Tropa de Elite 2, a continuação da saga do Cap. Nascimento. A trilha sonora está sendo decidida e algumas músicas certas são "Calibre", do Paralamas, "Ta Tudo Errado", dos MCs Júnior e Leonardo e "Candidato do Caô Caô", do Bezerra da Silva, cantada por Marcelo D2.

Pra quem acha que o D2 fez algo especial, só para o filme, se engana. O cantor lança agora em setembro um CD em homenagem ao Bezerra da Silva, e o mais surpreendente é que ele vem cantando samba. Desta vez não tem DJ, samples e outras batidas, mas sim, cavaco, violão, pandeiro, tantan e até prato, faca e garrafa.

Acho que o disco está bem produzido. Confere a música aí:

Candidato Caô Caô




Se a produção do filme estiver precisando de ideias, eu sugeriria O Biscateiro, do Zeca. Tem bem essa onda de malandro, morro, rolos e polícia. Mas claro, pra não ser usada em nenhuma cena que contenha sacos, tiros ou cabos de vassoura.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Se ensaiassem não sairia tão bom

Semana passda no twitter, postaram essa preciosidade e tenho certeza que é um dos melhores vídeos que já vi na vida.

Com vocês: "Sweet Child o Mine", do Guns N' Roses interpretado por fãs.

Veja, você não vai se arrepender.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Passagem rápida (Artifício)

Existem músicas e músicas. Últimamente tem uma que não me canso de ouvir e que ainda chega até a me emocionar de vez em quando. Seja pela letra, melodia e, principalmente, as duas vozes que interpretam. Só uma passagem rápida para compartilhar uma grande obra.

Roberto Ribeiro e Clara Nunes cantando "Artifício"

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tem que respeitar

Muito malandro por aí que se comporta como especialista no samba tem uma coisa em mente da qual eu não entendo. Não pode ouvir a palavra "pagode" que quase vomita e samba bom é só aquele até os anos 70. Esse mesmo pessoal desdenha das geniais criações dos integrantes do Fundo de Quintal.

Fundo de Quintal foi um dos grupos que me fizeram pensar no samba livre, sem esquentar a cabeça com picuinha entre pandeiros de nylon e couro, e muito menos, se preocupar em citar o - para muitos - demoníaco pagode, mesmo depois de alguns paulistas cornos se apossarem do termo como gênero musical.

Fundo de Quintal é raiz, resistência, exemplo, número baixo, malandragem, samba de vagabundo, pé no chão, terreiro, cerveja, boêmia, cachaça, melodia, improviso, samba canção, partido, jongo, miudinho, escola, maestria, suavidade, sagacidade, leveza, pressão, canto, dança, coro, e muito mais que as "Batucada dos Nossos Tantãs" ou "Irene". Que a mesma galera que critica, canta nas rodas que promovem.

Abaixo, uma lista só de preciosidade. E a Sereno, Bira, Ubirany, Cleber Augusto, Arlindo Cruz, Sombrinha, Jorge Aragão, Almir Guineto, Mussum e outros tantos...um muito obrigado.

Respeita vagabundo!


Miudinho




Nascente da Paz




Encrespou o mar, Clementina




Pra Não Quebrar a Corrente




Quantos Morros Já Subi




Seja Sambista Também




Saber Viver




Canto Maior




Força, Fé e Raiz




Minhas Andanças







quarta-feira, 16 de junho de 2010

Papo de bola



Depois de um ano todo de espera, através de amistosos, palpites de convocados, album de figurinhas, comerciais, jogo da copa pra PS3... Eis que, finalmente, começa a Copa pro Brasil! E depois do primeiro toque, é hora de comentarmos a atuação do batalhão do Dunga. (que, bem falou o Pablo, meu camarada, estava parecendo o Popeye com aquela roupa ontem)

Pra quem achava que o Brasil ia fazer uma atuação de gala, se decepcionou porque quis. Copa do Mundo é assim, nenhuma estreia satisfaz o torcedor. A Coreia é fraca, mas nem se fosse o Ibis ia ser goleada. Se nós, torcedores, já ficamos tensos na espera do jogo, imagina o caboclo que está vestindo o manto dourado? Ainda mais quando o cara é, simplesmente um jogador mediano, como a mairia do time. É isso, pouco futebol, algum esforço, mas pelo menos arranca a vitória. Isso que importa.

Para se destacar da partida (nem era essa a palavra a ser usada), só dá pra falar do Robinho, que mesmo por muitas vezes bailando mais que jogando, tentou fazer alguma coisa no jogo. Não à toa, acertou um primor de lançamento pro Elano. Outro que queria alguma coisa, e esse, diga-se de passagem, sempre mostra disposição e raça, foi o Maicon, premiado com um belo gol. De resto, nada a declarar. Juan e Lucio não tiveram problemas, e memso assim o nosso capitão mostrou o espírito "zagueiro-zagueiro", espirrando bola pro lado (até contra a Coreia do Norte!). Michel Bastos, Felipe Melo, G. Silva e Kaká foram um lixo. Luis Fabiano nada fez, mas atacante é assim, não precisa aparecer muito, contanto que meta o dele. Nesse caso, ontem não deu. Fraco.


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Mudando o rumo da prosa, Zico no Flamengo é, de fato, a maior esperança do torcedor rubro-negro. Em sua primeira entrevista no cargo, deu pra sentir que não tem mi-mi-mi com o cara. Falou a verdade e não deixou nenhum fato de lado. Disse que está dificil contratar e que vai dar um jeito. Tirou neguinho que tava lá de corpo mole na comissão (era a galera do Andrade) e deixou claro que vagabundo nenhum vai ter molezinha. O goleiro faltou ao treino, reclamou que demitiram o amiguinho e não adiantou nada. Bruno ta lá, puto, de birra. E o Zico? Cagando e andando pra ele. Quer ir embora? Vai. Afinal de contas, Zico foi o Zico, não tinha nenhum mimo desse na época de jogador. Se tornou ídolo.

Outra postura correta foi com relação ao Emerson. Se esse cara tivesse todo esse amor pelo Flamengo como disse, aceitaria baixar o salário. Já que o que falou mais alto foi o dinheiro, que continuasse na Arábia, afinal, seu contrato não terminou ainda. Mas, não, ele fechou com o Fluminense.

Pelo menos, o galinho está passando uma postura que, se ela se concretizar, pode ser muito proveitosa para a vida do Flamengo e dos torcedores.

domingo, 6 de junho de 2010

O efeito Costinha

Depois de muita desilusão com o futebol carioca e um mês de merecidas férias, o blog está de volta à ativa.

Neste período em que estive num grande recesso pude aproveitar a ocasião para viajar, coisa que não fazia há muito tempo.

Tanto foi este tempo que até estranhei um pouco quando entrei no avião rumo a Buenos Aires. Sem deixar de ter o frio na barriga, notei que perdi um pouco do costume de uma viagem aérea com seus cuidados, pressões no ouvido e turbulências. Mas, num percurso de três horas, em vinte minutos já voltei ao normal.

Sempre fui, e ainda sou, um cagão assumido. Nunca curti para-quedas, asadelta ou bungee jump. Assim como também não tenho a utopia de “ser livre para voar”. Sei que existe muita gente assim - até mais medrosa - e é justamente dentro do avião que esses indivíduos começam a se manifestar.

Esse medo é normal e toda empresa aérea sabe. É justamente por isso que a tripulação sempre procura distrair os passageiros. Na minha, por exemplo, distribuíram balinhas, colocaram som ambiente
e vídeos com a Ivete Sangalo, reportagens sobre a copa e clipes de música.

Pensando nisso, antes do pássaro de aço decolar, fiquei pensando em uma solução que, acredito, seria uma mais objetiva e satisfatória para os passageiros que sofrem de flatulência aguda quando entram no avião. Em vez de passar vídeos da Ivete falando do filho e de safaris africanos, por quê não usufruir do talento de um dos mais renomados humoristas do Brasil: Costinha?

Sempre fui fã do Costinha e adorava ouvir as fitas com suas piadas gravadas. É claro que fazia tudo sem a aprovação da mãe, por ser muito pequeno. Ir a um show, nunca tive a oportunidade.

Garanto que ao colocarem os fones de ouvidos, depois de sentarem tensos nas poltronas com avisos de atar cintos de segurança, os passageiros viajariam muito mais tranquilos escutando as histórias do mestre. Ouçam aí um pouco e vejam se não estou certo.





domingo, 18 de abril de 2010

Carioca sem saída


Quem me conhece sabe. Nunca rejeitei o programa de ir ao maracanã. Porém, hoje resisti e não fui. A minha não-ida foi justamente de protesto pelo futebol que vem mosrando a maioria dos times brasileiros, principalmente os do Rio. Como tinha falado, com quem que ficasse o título de campeão carioca representaria a consagração da retranca. Quis o destino que essa glória fosse de Joel, o último rei do Rio.

Entram em campo Flamengo e Botafogo para, pelo menos, um público bom - mais ou menos 50 mil pessoas. No rubro-negro, como sempre, Andrade coloca Willians, Maldonado e Toró, que voltou a ser fraco. No outro, como sempre também, Joel escala três zagueiros, 3 volantes, um lateral, um meia e os dois gringos.

Eu estava certo. O jogo foi feio, e não se pode dar destaque pra nenhum jogador.

O juiz Gutemberg entrou no campo ligado em todo lance, se errou em algum, eu não vi. O campeonato Carioca só foi ter uma arbitragem decente logo no seu último jogo, coisa do destino. E o resultado comprova tudo, o jogo ruim e a boa arbriagem: 2x1 pro Botafogo, com dois gols de pênaltis. Que existiram, todos, diga-se.

Os jogadores, acostumados com os péssimos árbitros, usaram e abusaram do puxa-puxa dentro da área e se deram mal. Isso rendeu dois pênaltis contra o Flamengo e 1 contra o alvinegro. A questão aí é que o Herrera bateu e fez, o Abreu bateu bem e fez e o Adriano bateu mal e perdeu. Pra quem já estava esperando cobrança, é melhor o Imperador se preparar e parar de miguélite, porquê se o resultado não vir na quarta, contra o Caracas, vai acabar o amor e virar um inferno o Império.

Já o Botafogo, depois de três anos pode gritar “É campeão!” em cima do Flamengo, finalmente. Com Abreu batendo um pênalti de tirar onda com o Bruno e o Jéfferson pegando outro do Adriano, lavar a alma numa maneira melhor que essa não existe.

E daqui pra frente, como fica? Estadual vale pra salvar o semestre mas não serve de parâmetro. O Flamengo continua com um elenco, teoricamente, capaz de avançar na Libertadores e defender o título brasileiro. Mas, precisa mudar a postura, e se o Andrade continuar indiferente, vai rodar.

O Botafogo, apesar de campeão, continua tendo um elenco péssimo, digno de uma eliminação vergonhosa na Copa do Brasil em casa para o Santa Cruz e se não se reforçar vai lutar pra não cair. O time realmente só tem uma jogada e não consegue fazer uma troca de mais de três passes. Mas nenhum botaoguense está pensando nisso agora. Com razão.

E assim segue a vida, ainda vai ser difícil encontrar uma saída para o futebol do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Show de horror de domingo


O domingo prometia. Dia de clássico dos milhões na disputa da semifinal do charmoso campeonato carioca. Porém, resultou num Maracanã com pouco mais de 20 mil pagantes, um gramado castigado pelas chuvas e um jogo péssimo, com dois times que estavam com medo de jogar. O então clássico Flamengo e Vasco de ontem foi uma terapia do sono coletivo no maior do mundo.

Totalmente previsível, o Flamengo entrou em campo com três volantes, um meia e dois atacantes. Por sua vez, aos 45' do segundo tempo, a formação era: 3 zagueiros, 4 volantes e um meia. Isso mesmo, sem nenhum atacante. Já passa a ser vergonha alheia essa stuação.

Mais uma vez o time jogou mal, não conseguia sair a bola e se garantia na força de Vágner Love, que se virou lá na frente o tempo todo. Brunoo Mezenga, que substituiu Adriano, até começou bem, mas a carruagem virou abóbora em dez minutos de partida. Outro que também tantou alguma coisa e estava agradando - mais uma vez - era o Michael, que claro, saiu para a entrada do Pet.

Andrade tem um banco com Vinícius Pacheco e Pet. O time estava jogando mal e precisando da vitória, sendo que um meia estava jogando bem e dois volantes - Toró e Willians - num dia infeliz. O que ele faz? Simplesmente o mesmo de sempre. Saca o meia, e coloca outro. Aí dá sorte ao ter um pênalti a seu favor, desempata a partida e volta à sua retranca.

Mas, quando você espera que somente um time tenha culpa no cartório, do outro lado o Vasco joga uma pá de cal sobre o túmulo do "alegre futebol carioca". Gaúcho formou o time do mesmo jeito que o rival: três volantes, Coutinho de meia e dois atacantes. O time só tinha saída com os chutes de fora da área de Rafael Carioca e Léo Gago, e as caídas de Coutinho pela esquerda. O problema foi que, desta vez, o garoto prodígio foi muito bem marcado pelo Léo Moura.

O Vasco leva o segundo gol e o que o Gaúcho faz? Simplesmente tira o Coutinho e coloca o Carlos Alberto. Logo depois disso, precisando fazer o gol de empate, ele faz outra mudança: o meia Magnu pelo atacante Dodô. Daí, só no fim, depois da expulsão do Juan, pelo Flamengo, ele tirou o Rafael Carioca para a entrada do atacante Pimpão.

Coincidência? Acho que não. O que mais assusta é justmente isso. Esse surto tomando todos os técnicos brasileiros de que é mais importante não levar gols do que tentar fazer, vide nossa seleção que vai empenhada e favorita pra Copa jogando com três volantes e Kaká.

A final da Taça Rio vai ser contra o Botafogo. Eu era contra o fato do time alvinegro ser campeão com esse joguinho do Joel Santana, mas agora vejo que não há solução. A conquista do Flamengo vai coroar um trabalho ruim e medroso que Andrade vem fazendo neste ano. O time está muito longe de ser aquele do Brasileirão ano passado. Ele tem elenco pra isso, por quê não põe pra jogar bola?

Semana que vem tem outra labuta, certeza de jogo feio e chato de se ver. Um ótimo remédio pra quem anda sofrendo de insônia. Alguém vai encarar o show de horror?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O samba e a mentira

Hoje é 1 de abril, mas, em vez de eu contar uma mentira como todos estão fazendo, separei alguns sambas que falam sobre o assunto e suas derivações.

De Noel a Zeca Pagodinho, podemos ver que a mentira também é assunto que dá samba.

Podem conferir, comentar e sugerir outros.


Pra quê Mentir (Noel rosa) - Paulinho da Viola





Tudo Que Você Diz (Noel Rosa) - Pedro Paulo Malta e Alfredo del Penho




Falsas Juras - Casquinha da Portela




Propagas - Roberto Ribeiro




Triste Desventura - Roberto Ribeiro




Enganadora - João Nogueira




Falou Demais (Mauro Duarte) - Cristina Buarque e Samba de Fato




Verdade Aparente - Gisa Nogueira




Eu Prefiro Acreditar - Zeca Pagodinho

terça-feira, 30 de março de 2010

Salve Armando Nogueira

O post de hoje é simplesmente uma homenagem a um dos maiores ídolos do jornalismo no Brasil. Armando Nogueira encerrou sua passagem neste mundo ontem e com ele levou as palavras certeiras que transformam o futebol numa paixão incondicional. Quem é estudante de jornalismo, ou simplesmente, respira futebol tem o dever de ler seus textos.

Em reverência a mais um grande homem que passou, reproduzo uma crônica de sua autoria, com a sutileza que lhe é peculiar. Lá no céu estará trocando uma ideia com Nelson Rodrigues, revivendo a primeira mesa-redonda da TV Brasileira.

Obrigado, Armando Nogueira.

Com vocês: A Generosa

"Gosto da minha rua, gosto dela porque não sei de outra em que a entidade bola seja tão reverenciada quanto aqui. Agora mesmo, neste entardecer luminoso, vejo, no mesmo quarteirão, um festivo racha da turma do Pinguim; adiante, dois taludos rapazolas jogam frescobol, de calçada a calçada; e na esquina, dois meninos e duas meninas disputam uma partida de voleibol em que a rede é um pedaço de corda esticada entre o portão da garagem e uma amendoeira.

E sou capaz de jurar que se o garoto branquinho daqui de frente não fosse desobediente, estaria, agora, alegrando também o nosso quarteirão com o seu bate-bola solitário na calçada do Colégio Rio de Janeiro. Mas, ele foi cair na besteira de atravessar a rua atrás da bola, a mãe viu e aplicou-lhe as penas da lei doméstica: uma semana sem pisar na calçada.

A história dele, que ouvi do Guto, é a história de um menino que adora jogar futebol mas que sofre, como nenhum outro, uma penosa limitação: só pode jogar pelada na calçada da sua casa e é proibido de atravessar a rua porque os pais têm medo dos automóveis; medo bobo, a meu ver, porque os carros, por aqui, passam sempre tão devagarinho.

A consequência da proibição é que o garoto ou fica chutando bola sozinho contra a parede, quando a pelada se desloca para o outro lado da rua, ou então é obrigado a jogar de ponta-direita no primeiro tempo e de ponta-esquerda no segundo tempo. Quando os times trocam de campo, ele é forçado a trocar de perna, o que lhe causa um grande transtorno, porque se a direita consegue soletrar alguns centros e dribles, a esquerda, coitada, não tem a menor serventia.

Qualquer dia, pretendo dar um palpite no drama desse garoto: vou contar a ele a história de uma amigo que, quando menino, era também obrigado a jogar um tempo de ponta-direita e o outro de ponta-esquerda. Morava numa casinha de fundos para um campo de futebol onde a turma, depois de matar as aulas, ia jogar diariamente. Um dia, a mãe dele, favorecida pela posição do campo, desembocou na linha divisória, com um chicote na mão, já em condições de descer a lenha no filho.

Desde então, nunca mais ele jogou por aquele lado: ficava sempre no lado oposto onde a mãe, para alcançá-lo, teria que atravessar mais de 50 metros de campo; de lá, alternando pé direito e pé esquerdo, ele tinha perspectiva para ver a aproximação do chicote.

Era um drama diário, o menino tinha um olho na bola e o outro no quintal de sua casa, mas há de ter sido graças ao temor da mãe que o garoto Nílton Santos aprendeu a chutar perfeitamente com os dois pés para chegar a ser bicampeão do mundo.

Essa é a história que espero poder contar ao meu vizinho, qualquer hora dessas em que o veja naquele bate-bola solitário da sua calçada.

Ele é ainda tão criança e talvez não saiba que a bola quase sempre é generosa com quem sofre por ela."

Armando Nogueira

quarta-feira, 24 de março de 2010

Samba pra casar

Samba e mulher sempre tiveram uma grande relação. Na maioria das vezes um é feito por causa da outra, que, por sua vez, serve de inspiração para tantos outros.

Desde a época de João da Baiana, a maioria dos sambas que têm a mulher como tema principal falam de um amor acabado. Seja por traição, brigas ou simplesmente incompatibilidade de gênios. E muita gente já cantou essa desilusão: Noel, Ataulfo, Nelson Cavaquinho, Cartola, Paulinho, João, Roberto Ribeiro, Fundo, Zeca e lá vai mais...

Diante disso, pode-se fazer a pergunta: "Será que samba bom é só aquele que a gente fala com mágoa?".

Apesar de para se fazer um bom samba é preciso lamento, podemos ver que também sai coisa boa se fomos falar de um estado matrimonial normalizado. Portanto, este blog, na humildade como sempre, posta duas músicas da nova geração que nadam contra a corrente da desilusão amorosa e prima por uma vida a dois na tranquilidade.

Deixo claro aos conhecidos que não estou pensando em casar. Isso foi só uma curiosidade que me veio à cabeça. Obrigado.



Moyseis Marques - Panos e Planos



Pedro Miranda - Samba da Moreninha



Se alguém souber de outros, fique à vontade para sugerir.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Menino tem que jogar bola-de-gude


O jogo da Vila Belmiro era o confronto entre o time grande mais em baixa no Brasil contra o mais em alta, sem tanta justiça assim, diga-se. Afinal de contas, os Meninos da Vila só tinham jogado contra times sem expressão ou que ainda não começaram o ano, casos de São Paulo e Corínthians, e que também poderia servir para o Palmeiras, mas este soube separar os homens dos meninos.

Robinho, Neymar, André, Pará... a turma do cabelo igual tem mania de meter gol e fazer dancinha. É o famoso marketing futebolístico. Se preocupam em ficar mais conhecidos irreverentes e abusados do que campeões. Muita gente concorda, baba o ovo e aquele que se diz contra (como eu) é taxado de conservador a favor do futebol feio. Beleza, quando pegam um "zagueiro-zagueiro", que nem precisa ser porradeiro - pode ser um Juan ou um Thiago Silva da vida - não se criam. Isso é comprovado.

Enfim, o jogo foi muito melhor que o clássico carioca - vide o resultado - e os dois times jogaram muita bola. Alguns golaços e destaque para Paulo Henrique Ganso e Pará - pelo golaço - no Santos; e Robert, o artilheiro da peleja, e Diego Souza, no Palmeiras.

Dessa vez os holofotes não ficaram tão iluminados para as bailarinas da Vila. A noite inspirada em que estava Robert fez com que o Palmeiras sacaneasse o Santos dentro da casa dele rebolando - no melhor estilo Neymar - para a torcida. Sem contar a expulsão do pseudocraque mimado que coroou a história.

Falando nessa expulsão, deixo um parágrafo só pra ela. O moleque foi fazer graça, perdeu a bola e praticamente agrediu o marcador. Precisa aprender muita coisa esse garoto. E o pior é que todo mundo viu a entrada dele no Pierre e ninguém falou nada até agora. Queria ver se fosse o contrário, ia ter um monte de gente mandando o Pierre para a cruz.

Eu não sou a favor do futebol feio. Sou contra o mimo, futebol é pra homem e não pra menino.
Desculpe a rima.

Foi ruim, mas clássico


Clássico é clássico e vice-e-versa. O domingo foi disso e os cariocas e paulistas puderam fechar o fim de semana com aquela sensação boa de distputa, de defesa pela honra. É uma adrenalina que só quem é o torcedor vai entender.

Quem foi ao maracanã ontem foi guerreiro mesmo, enfrentou uma chuva quem nem se o Cacique Cobra Coral ficasse 40 horas dançando ia parar. Não eram nem 18h e o Sol já tinha ido embora. A praça da Bandeira virou uma lagoa, como de praxe.

O clássico dos dois times mais vencedores dos últimos tempos e de maior rivalidade do Rio prometia. O Flamengo vinha de uma semana balançada devido à movimentação do Império do Amor na Chatuba, um motivo coerente para o torcedor rubro-negro ir esperando um Adriano mordido por tudo que a imprensa, erradamente, vai metendo a colher com exagero no que se passa na vida pessoal do cara.

Um adendo: até na questão de "privilégios" que ele tem no Flamengo neguinho quer se intrometer. Na minha opinião o problema é dele e do Flamengo, quem paga o salário do Adriano não sou eu. Cabe ao clube perceber se o artilheiro e campeão do Brasileiro no ano passado merece, ou não, tais regalias.

Depois de um ano sem enfrentar o maior riva, era esperado que o Vasco entraria em campo com a faca nos dentes e louco pra arrancar uma vitória do time a ser batido, até agora, neste ano. O time foi pro embate sem a maior reverência, Carlos Alberto, mas com a maior revelação empolgada pelo seu primeiro grande clássico, Phellipe Coutinho.

Adendo 2: Phellipe Coutinho me fez respeitá-lo um pouco mais depois do jogo de ontem. Sem dúvida o mehor jogador cruzmaltino em campo. O moleque é rápido, toca bem a bola, joga em direção ao gol e não é cai-cai. Porém, vamos devagar com a louça, pois duas vezes que esteve de frente para o gol chutou muito mal. E jogador de futebol que não chutar - o fundamento mais básico de todos - não pode ser chamado de craque. Mas, mesmo assim, prefiro ele ao bailarino do Neymar, filhinho de Robinho.

O jogo foi muito abaixo das expectativas. Tirando alguns bons lances no começo para ambos os lados, ficou sonolento e só serviu para uma coisa: brilhar, mais uma vez, a estrela do Bruno, goleiro que é muito injustiçado pela imprensa, que cisma ainda em exaltar idosos como Rogério Ceni e Marcos, e o gaúcho do Victor, que não fede nem cheira. Dodô não perdeu os dois pênaltis, mas o Bruno que pegou, de maneira tão magistral que quase passou da bola nas duas cobranças.

No outro lado do campo, o privilegiado Imperador foi lá e marcou o dele, sendo mais uma vez decisivo. Nessas horas que vê-se a diferença.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O sagrado Wilson Das Neves

A música da qual me lembrei é um partido em homenagem ao Mestre marçal, citado no texto de ontem. Das Neves faz rimas unindo muitos ditados populares famosos que eram sempre repetidos por Marçal. O que me remete, no texto do Gabriel, à passagem na qual ele fala "Outra virtude sua eram as frases sempre fascinantes como: 'quem muito procura, quando acha não reconhece' e 'não me interessa o preço da banha, eu quero é comer engordurado'".

Com vocês, então, de Wilson Das Neves, Zé Trambique e Paulo César Pinheiro, o partido Mestre Marçal.




O Som Sagrado é um disco completo. Nele, Das Neves mostra muito de sua versatilidade no universo rítmico e melódico do samba e, principalmente, um requinte aguçado nas letras. O começo do disco é composto por uma faixa de abertura emblemática e autibiográfica, O Samba é Meu Dom, além da música que dá nome ao CD, Som Sagrado, gravada também por Beth Carvalho. Entre as duas, destaco uma composição que é um dos sambas mais bonitos da história com o tema "separação", Debaixo do Cobertor. Veja se não estou mentindo:



Na parte do meio, entre as faixas 5 e 10, contém várias pérolas, a começar por Grande Hotel, já muito conhecida, cantada com Chico Buarque. Depois ele emenda Partido do Tempo e, ainda ressalto uma outra homenagem, dessa vez a Ciro Monteiro em Um Samba pra Ciro Monteiro, que ganha a voz de João Nogueira na parceria. A escutar:



Na parte final, quatro músicas geniais. Da 11 a 14, não se pode afirar com certeza qual é a melhor. Além do partido do Mestre Marçal, ainda vem Bisavó Madalena, que exalta os diferentes ritmos da música brasileira e fecha com Fundamento, história de um sambista que veio ao mundo a passeio e viveu somente de samba. Seria também autbiográfica? Acho que não.

Mas dessas a que destaco é uma que também caberia muito bem aos dias de hoje, com tantas dúvidas sobre a eficiência da polícia nas operações, com implantação de UPPs e tudo mais, em morros que têm um uma autonomia perigosa cada vez mais crescente. Não vemos os chefões sendo presos e por enquanto está tudo muito fácil de conter. Espero que O Dia em Que o Morro Descer continue sendo um aviso e não se torne uma profecia. Porque aí o nosso desfile final vai ficar cada vez mais próximo:



Salve Wilson Das Neves, ô sorte!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Marçal, o meio de uma dinastia

Pesquisando o acervo particular, encontrei uma pérola na voz do Mestre Marçal mandando um aviso à nova geração de sambistas. Mas não é esporro, só uma ideia.

Na mesma leva, o espaço do blog fica à disoposição do texto de meu amigo e parceiro Gabriel Andrade sobre o sambista e a música que tanto estou ouvindo hoje.

Detalhe: não tenho a autorização do autor para a reprodução porque o próprio se encontra em viagem de férias. Espero que ele, como advogado que é, não venha me processar por causa disso.

Vai que é sua, Biel!

"Nilton Delfino Marçal vem de um berço que não era repleto de ouro ou jóias, não descendia da aristocracia carioca, contudo não há de se negar que também era esplêndido. Nasceu no ano de 1930 no carioquíssimo bairro de Ramos dando continuidade a uma verdadeira dinastia no samba.

Filho de Armando Vieira Marçal, que ao lado de Alcebíades Barcellos, o Bide, ajudou a consagrar a nova maneira de se fazer e cantar samba do Estácio, Mestre Marçal se mostrou um verdadeiro coringa em matéria de samba.

Poucos comandavam com tanta maestria baterias de escola de samba como ele, com suas afinações de instrumentos bastante particulares, como comprovado em seu disco “A incrível bateria do Mestre Marçal” (1988), disco em que gravou com bateria comandada por ele tocando o fino dos sambas-de-enredo. Sua historia com as escolas de samba teve inicio na agremiação Recreio de Ramos, onde começou na ala de tamborins. Seguiu sua trajetória de sucesso indo para a Unidos da Capela, Império Serrano e, por fim, Portela, escola na qual comandou por 20 anos a bateria, saindo nos anos 80 após desentendimentos com o então presidente Carlinhos Maracanã.

Porém, Marçal não se contentou com sua trajetória de mestre de bateria, seguindo também para uma carreira, não menos brilhante, de cantor. Nesta, resgatava sambas históricos da dupla Bide e Marçal, como em “Não Diga a Ela Minha Residência”, passando por outra dupla, esta mais contemporânea, na linda melodia de “Desalento”, de Chico Buarque e Vinicius de Moraes, chegando à geração do Pagode (entende-se a geração Cacique de Ramos, protagonizada pelo Grupo Fundo de Quintal e Zeca Pagodinho, e não o neo-pagode, gênero introduzido à força pela mídia no contexto do samba, mas isso é outra discussão), com a gravação da irônica “Até de Avião”, dos irmãos Arlindo Cruz e Acyr Marques, e Luiz Carlos da Vila.

Outra virtude sua eram as frases sempre fascinantes como: “quem muito procura, quando acha não reconhece” e “não me interessa o preço da banha, eu quero é comer engordurado”. Quando lhe perguntavam como andava, respondia de bate-pronto, “vou comendo pela beirada enquanto o meio esfria”.

Para encerrar o papo sobre o Mestre Marçal, deixo um recado gravado por ele em seu LP "Senti Firmeza", gravadora Barclay/Polygram, no ano de 1986. A faixa, intitulada "Aos Novos Compositores", do trio Arlindo Cruz, Acyr Marques e Chiquinho Virgula, manda um recado à nova geração de compositores, que será sempre responsável por dar sequência à tradição legada pelos velhos bambas, mostrando que a raiz do samba continua dando frutos em profusão."









terça-feira, 9 de março de 2010

POR UM RIO DE PAZ, SEM PAES

O Rio de Janeiro amanheceu fervendo hoje, com muito congestionamento e arrastões em vários pontos da cidade. Rádio ligado logo cedo e só notícia ruim: arrastão com bandidos portando submetralhadoras na Barra; assalto na Linha Amarela... e eu, parado na Linha Vermelha, na expectativa e esperança de não ver, ouvir ou sofrer nada que convinha com o assunto citado no rádio.

Por falar nisso, estava parado na Linha Vermelha por conta de uma obra para a montagem do "muro acústico" que o nosso prefeito Eduardo Paes está colocando lá. O monumento nada mais é que uma barreira para esconder a favela dos olhos dos turistas que chegam à Cidade Maravilhosa. Digo isto, porque, em vez de deixarem a parede de acrílico - ou vidro, seja lá o que for - transparente, estão sendo pintados desenhos coloridos representando pontos bonitos da cidade.

É isso aí, nosso querido prefeito, o mesmo que acabou com o entretenimento nos jogos de futebol e pretende repetir a dose no carnaval - nossa maior festa popular - agora tem mais esse objetivo: ocultar a outra paisagem que existe.

Se hoje estava fervendo, no fim de semana passado o clima foi bem úmido. Um sábado de caos, três horas de forte chuva e uma população debaixo d'água, não podendo voltar pra casa depois do trabalho ou sair à noite para se divertir. Tudo alagado. A galera deixava o carro em cima da calçada, por emergência, mas no outro dia tinha ele rebocado, porque o "correto" Choque de Ordem não pode dar moleza aos infratores.

Aposto que nosso prefeito naõ botou os pés na rua no sábado. Afinal de contas, ninguém melhor do que ele pra saber o que poderia acontecer se viesse um temporal.

Nossa prefeitura não retomou as obras para desentupir canais que ajudariam a aliviar o curso de água dos rios, mas renovou o contrato com o médium do grupo Cacique Cobra Coral para fazer macumba contra os temporais. É mais fácil apelar pro além que tentar colocar a mão pra diminuir o problema que a cidade tem com enchete desde 1770 (comprovado). O dinheiro da perfeitura é pouco para investir nessas obras, mas é suficiente para alugar jatinhos em suas viagens para Brasília.


Em homenagem aos tempos venezianos em que vivemos, vai uma pérola de Moreira da Silva, retratando a situação da cidade sempre quando São Pedro resolve castigar. Notem que, Cidade Lagoa - de Sebastião Fonseca e Cícero Nunes - foi feita há, pelo menos, uns 60 anos, não sei ao certo. Porém, parece que foi criada no último sábado.

Afinal, o que são 60 anos em três séculos, né minha gente? Nada!

segunda-feira, 8 de março de 2010

As Rainhas da Vida

Já disse certa vez um sábio: "Se Deus criou algo melhor que mulher, guardou só pra ele.". Isso, além de ser uma grande verdade cai muito bem na explicação do que representa esse ser do falso sexo frágil para a sociedade. Não só 8 de março, mas nos outros 364 dias também caberiam uma reverência a elas.

Todo homem - aquele que gosta ou não - tem uma mulher de sua vida. Seja esposa, amante, namorada, mãe, filha, babá etc. Sempre foi necessário, isso é historicamente explicado.

Nós não vivemos sem elas. Elas, também não vivem sem nós. Porém, por serem superiores, conseguem ficar um bom tempo sem nossa companhia, só de sacanagem. Afinal, é dever da mulher sempre fazer o tal charminho.

Elas fazem os homens chegarem nas nuvens e abaixo da sola dos seus pés com a mesma habilidade. E, na maioria das vezes, têm o controle da situação.

Elas são mais cuidadosas, mais atenciosas, mais maduras. Se metem em qualquer discussão, e ai daquele que discordar.

Só não podem falar de futebol. Nesse assunto eu não consigo dar a vez. Desculpa.

Mas de samba, sim! E como elas são por muitas vezes temas e inspiração para grandes sambas não custa nada homenageá-las dessa forma.


E foi assim que aconteceu com o Fundo de Quintal, ao reverenciar a maior Dama do Samba, Dona Ivone Lara. E é por isso que este blog, na humildade, reproduz tal homenagem no lindo Canto de Rainha.



Depois, mais postagens sobre sambas que homenageiam as mulheres.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Dois Parabéns

Renovado da maratona nada leve pelos mandados de Momo, o escriba deste blog tenta voltar à ativapara recuperar o tempo perdido. E como se passou assunto!

Entre falar de Unidos da Tijuca, o Botafogo de Joel, Walter Alfaiate (descanse em paz), 445 anos de Rio e 57 de Zico, prefiro os dois últimos.

Sendo breve - até porque o que não faltou foi texto homenageando os dois momentos - hora e vez de falar do mais querido do Brasil. Hoje é natal para todo rubro-negro, pois há 57 anos atrás nascia nosso messias. Maior libertador e líder de uma geração que se impôs e pôs o Flamengo num lugar onde ele cabe certinho: o topo do mundo.

Não precisaria nem entrar no mérito dos 445 anos da minha querida cidade, onde nasci, cresci e vivo com prazer. Sempre exaltei esta terra que, a cada dia, conheço mais um pedacinho e fico mais apaixonado.

Problemas, amigo, a "sublime" Paris tem, a "elegante" Milão tem, e a "imponente" Nova york, também tem. Por quê a MARAVILHOSA não teria?

É a cidade do sorriso, da beleza, da espontaneidade e da simpatia. É também a do relaxamento e do deboche, por quê não? Afinal de contas, poucos desfrutam do que o carioca tem condições.

Uma coisa é certa, todo ser humano já quis (ou deveria) ser carioca e Flamengo, pelo menos, por um dia.

Por isso, duas homenagens: de Jorge Ben e Noel Rosa.








terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Heróis e Piranhas: começa o carnaval

O papo é rápido.

Nesse fim de semana, chegando a hora dos blocos botarem a cara na rua, já se pode dar início ao carnaval. Todo mundo deve estar careca de saber que no sábado sai o Imprensa Que Eu Gamo, na frente do Mercadinho São José; e também tem o Nem Muda Nem Sai de Cima, lá na rua Garibaldi.

Porém vou falar de dois blocos, um no sábado e outro no domingo.

O primeiro é o Desliga da Justiça, que debuta no caranval deste ano. Bem animado o bloco vai fazer uma apresentação na Praça Santos Dumont, na Gávea, a partir das 16h, sábado. A bateria comandada por Mestre Roque vai vir toda fantasiada de heróis. Promessa de caranval muito animado. É legal, é da paz, divertido e muito organizado. Ele vem numa levada tipo Monobloco, que toca de tudo. O samba do bloco está no site:
http://www.desligadajustica.com.br/


O segundo é o já famoso (ou não) Calma, Calma, Sua Piranha, no domingo. Bloco sem frescura, que anuncia o seu horário, não tem corda e nem tem o compromisso de fazer ritmos mirabolantes com uma bateria organizada. É espontâneo: todo mundo veste de piranha e vai pra rua, pronto. Tá feito. Pra quem quiser aprender o samba desse ano é só ver o vídeo:



O bloco sai na Visconde de Caravelas a partir das 13h. Mas antes as piranhas vão organizar uma roda de samba no Fuska, buteco que fica de frente para o Plebeu e que é o ponto final do desfile.

Sem mais, abre a primeira e coloca a fantasia!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O que esperar do Simpatia em 2010


O carnaval está chegando e os blocos já se movimentam para colocar fazer a folia nas ruas. Os mais tradicionais e estão em processo de escolha de samba, enquanto outros pé-de-chinelos ainda pensam se vão sair (atentem para o Bloco do Bigode, em breve mais informações).

Nesse espiríto folião fui na sexta passada à Lapa acompanhar a apresentação dos sambas que estavam na semifinal da disputa para o Simpatia é Quase Amor. A "burguesia de Ipanema" estava em peso e com muita organização no evento. Teve uma roda de samba com participação do Zé Renato e depois o couro comeu sob a regência do Mestre Penha num palco montado na parte externa do bar Parada da Lapa.

Eram cinco sambas concorrendo e somente três seguiram caminho. São eles "O Boulevard Virou o Mar de Ipanema", de Tiago Prata, Simas e Dudu Botelho; "Ipanema Me Chamou", dos tetracampeões Rafael dos Santos, Leandro Fregonesi, Felipe Girardi e Ciraninho; e "Não Tem Dilema", parceria de Jorgito Sápia, Daniel Pereira, Flavinho 7, Guilherme Sá, Alípio Carmo e Claudio Souza.

Os três são boas composições e podem empolgar o bloco nos dias dos desfiles, por isso vou dar meus pitacos sobre cada um, na humildade.


Ipanema Me Chamou
(Rafael dos Santos, Felipe Girardi, Leandro Fregonesi e Ciraninho)

A parceria segue em busca do pentacampeonato no bloco, foi o que mais empolgou a galera. Muito deve-se ao samba pre frente e também à fama que os caras já têm. A música é boa e traz algumas ousadias na melodia, o que está virando marca registrada nos sambas do Ciraninho e do Rafinha. Acho favorito pela resposta que teve do público. Só alternaria duas estrofes: a do refrão do meio com a última depois do verso "...Vem brincar...".

Esperei o ano inteiro
Pra matar essa saudade
Só pra ver meu Simpatia encantar toda a cidade
Reviver a paixão de um antigo carnaval
Me banhar de "Quase-Amor"
Sambar até o sol se pôr

Bateria faz a marcação
No compasso do meu coração
Vem de amarelo e lilás desfilar
O nosso show vai começar

Deixe a tristeza de lado
Se entregue ao pecado
Da cidade maravilhosa
Vem brincar
Tem samba na Lapa, Cacique De Ramos
Tijuca... Gamboa... pra onde nós vamos?
É só festejar, me leva que eu vou
Ipanema me chamou

A zona sul vai balançar
E quem quiser pode chegar
Eu sou do Rio de Janeiro, eu sou
Simpatia É Quase Amor



Não Tem Dilema
(Jorgito Sapia, Daniel Pereira, Claudio Souza, Guilherme Sá, Flavinho 7 e Alípio Carmo)

Esse samba traz uma letra bem elaborada para homenagear o centenário de Noel Rosa. Devido ao grande número de compositores, a defesa do samba em cima do palco foi bem empolgada, mas não refletiu tanto como o annterior na plateia. O que não me agrada é a forma como é executado o refrão do meio e outros deslizes de melodia, mas o samba tem sua força. Não é à toa que vejo em alguns blogs elogios a ele.

É carnaval
A bateria toca ao som de um Tangará
O sol dourado, em seu último desejo
Espera a lua para um beijo lhe roubar
Cidade se faz poesia
Na melodia da nossa canção
E o povo vai cantando pelas ruas
Um samba em feitio de oração

Com que roupa? Com que roupa eu vou?
Hoje eu resolvo este dilema
Com que roupa eu vou?
Vou de amarelo e lilás para Ipanema

(Vem...)
Vem mergulhar na fantasia
O Simpatia é um mar de emoção
Até o pierrot apaixonado
Vai encontrar um novo amor na multidão
Quando o orvalho vem caindo
Sorrindo eu procuro um botequim
Um brinde à madrugada mais vadia
É festa, alegria, não tem fim

Coração disparou, a terra tremeu, o corpo arrepiou
O samba convida, meu bloco chegou
Simpatia é quase amor



O Boulevard Virou o Mar de Ipanema
(Tiago Prata, Simas e Dudu Botelho)

Esse é o meu preferido. Samba de bloco autêntico. Pratinha, Simas e Dudu Botelho também celebram o poeta da Vila na letra, que ganha uma levada cadenciada e traz um refrão no estilo clássico. O único problema aí, é que a gente sabe que o Simpatia não canta na rua um samba de bloco há muito tempo. Pelo menos nos últimos dez anos sabemos que todas as músicas têm aquele jeitão de escola: samba grande, dois refrões e melodia cheia de guéri-guéri. Por causa disso, se ganhar será uma ótima surpresa pra quem gosta de diferenciar o carnaval da rua com o da Sapucaí.

De amarelo e lilás
Sou quase amor
Nessa folia
Nossa festa começou
Mais um ano de alegria
Vamos homenagear
O poeta menestrel

Vai o sol
Surge o luar
Pra iluminar o centánário de Noel

Quem vem para o Simpatia
Traz a herança de bambas
Num chope gelado
Brinda a boêmia
Veste a fantasia, samba até o fim

E faz da vida "Conversa de Botequim"

Vem pastorinha, Ô!
"Linda pequena"
O Boulevard virou o mar de Ipanema

No fim das contas, na realidade, o que vale é a competência dos compositores e isso todos já mostraram que têm.

Boa sorte aos concorrentes.