quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

VAI SUBIR PRA 2010

Já em ritmo de carnaval 2010, o autor deste blog chama no repique e, humildemente, vem aqui fazer suas análises sobre os sambas de cada escola do Grupo Especial. A disputa está mais acirrada do que eu pensava. De primeira, já dá pra encontrar 4 sambas bons, mas, mesmo assim, de uma forma geral, os compositores ainda estão deixando a desejar. Vamos a eles.


Salgueiro
Seguindo o sucesso que teve no carnaval passado, o rubro da tijuca optou novamente por um enredo simples e ao mesmo tempo amplo. Vai falar sobre livro, leitura etc. O samba não é ruim, mas está longe de ser uma boa música. O maior valor vem no microfone, pois, o Quinho arrebenta e consegue colocar até um bolero de ravel pra cima. A melodia faz parecer que o samba vem todo no embalo, nos estilo "vamo lá, porra!". Tá valendo, na avenida pode funcionar. Mas, pra mim, não merece o bi.

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Beija-Flor
O samba que começa com a introdução de O Guarani e fala de Brasilía, a capital que já não é tanto da esperança assim, é um dos piores do carnaval. Com a escolha do enredo, algumas pessoas achavam que a azul e branco de Nilópolis ia, depois de muito tempo, deixar de falar dos ancestrais, mas se enganaram. É claro que eles acharam a inspiração no Rei Sol do Egito para a construção da arquitetura da cidade. Pra dar um sopro depois da porrada, a melodia tem umas subidas de tom boas, apesar da letra ruim. E o Neguinho é sem comentários. Genial.

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Portela
O enredo é complicado (falar de internet num samba fica feio), o samba é, de longe, o de menos qualidade dos autores tetracampeões, mas uma coisa tem que ser dita: ele não sai da minha cabeça. É impressionante, basta escutar que a melodia fica martelando o meu cérebro o dia inteiro. Ponto alto é o refrão do meio que exalta a escola e tem um grito "sou Portela" que levanta a galera. Acho que a maior qualidade da trupe de compositores é a tentativa de sempre inovar na melodia. Eles mostram isso na segunda parte, que é a minha "lavagem cerebral".

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Vila Isabel
Enredo sobre Noel e um samba de Martinho, mistura mais que perfeita para a Vila. É emocionante, é bonito, é fora das regras da arte que perdura hoje em dia e arrepia. Mutos dizem que o samba não empolga e que por ser a penúltima vai dar sono na plateia. Samba bom pra mim não empolga, emociona, e é justamente isso que acontece quando ouço este. Alguém lembra de "Herois da Liberdade", do Império Serrano? Pois é disso que estou falando. Se o poeta baixar na avenida vai ficar ruim segurar a Vila este ano, e com um samba desse é possível que Noel apareça mesmo de terno branco e camisa azul tocando violão no carro de som. Acho também que o prato tocando no contra-tempo da bateria dá um ar ainda mais clássico ao samba. Obra-prima!

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Grande Rio
Desde o "Imponho sou Grande Rio, amor!" a escola de Duque de Caxias nunca mais foi a mesma, a parada desandou de vez. As duas coisas que sobram de bom nessa história são a bateria - muito bem regida pelo mestre Odilon durante muito tempo e que agora está nas mãos do Ciça -, e o Wantuir, que é um baita intérprete. Este ano a escola vai homenagear o camarote nº1, o da Brahma, tudo a ver né? Só não se sabe que é o camarote que vai estar desfilando na avenida ou a escola que vai estar no camarote. Samba ruim.

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Mangueira
Depois de dois anos fracos, parece que bons frutos vêm por aí. Agora, sob o comando de Ivo Meirelles, a Estação Primeira apresenta um bom samba e principalmente um diferencial nas jogadas de marketing. O novo presidente se adiantou e já gravou uma levada mais pop (samba-rock) para tocar nas rádios e também um vídeoclipe, produzido pela Conspiração, do hino deste ano. O enredo é sobre a música brasileira e a letra não foge do tema em nenhum momento, sempre trazendo passagens de obras marcantes nos versos. Isso tudo é fruto de um bom entrosamento dos compositores que já são velhos conhecidos campeões de sambas dos blocos na cidade. Foi a primeira vez que eles levaram a disputa na escola. O espírito é esse, renovação! O samba da Mangueira está no meu top 4, também. Mas, sem deixar de dar uma cornetada, a introdução do Emílio Santiago cantando Roupa Nova é cafona pra cacete!

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Imperatriz Leopoldinense
Este é disparado o maior favorito para o estandarte de melhor samba-enredo do ano. A Imperatriz vem falando de religião e com uma música maravilhosa. Levada cadenciada, letra linda e melodia idem. Ao mesmo tempo podemos sentir uma peregrinação de católicos e um ritual no terreiro de umbanda misturados. Como bem diz o samba, nesse país de "tanto Deus, tanta religião", o objetivo deve ser este mesmo. Dominguinhos, um mestre na arte de puxar samba, arrebenta e é uma dádiva sua volta ao Grupo Especial. Emocionante.

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Viradouro
Típico samba chicletinho, e sem gosto ainda. Assim como todo samba que homenageia um país, a Viradouro mostra que vai passar esse ano só pra arrecadar mais dinheiro no caixa com patrocínio. É muito difícil repetir o sucesso inesperado da Vila em 2006, quando ganhou o carnaval cantando sobre a Venezuela. A escola vem falando do México, e traz uma música sem empolgação, com letra que não fede e nem cheira e uma melodia comum. É isso, vai desfilar só pra constar este ano.

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Unidos da Tijuca
Se o samba da Imperatriz é o melhor melodicamente, o de melhor letra acaba de ser conhecido. Com o enredo "Segredo" a Tijuca está com um samba que esculacha. A letra é realmente uma brincadeira com tudo que guarda segredo, mexe com quem escuta e vem numa levada bastante pra cima. Me lembra bloco de carnaval também. O samba é bom e o desfile promete, mas com certeza o Paulo Barros deve tá mantendo um segredo danado disso tudo. É ver pra crer, enquanto isso escute o samba que, junto com Mangueira, Imperatriz e Vila Isabel, fecha o G-4 deste ano!

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Porto da Pedra
O enredo é criativo e ainda faz uma homenagem ao centenário de Noel Rosa. Mas acho que assim como internet, falar de moda também é difícil. Além disso, o samba não é nada bom, coisa que vem se repetindo na escola desde 1997, quando falou da Loucura e garimpou o 5º lugar. Convenhamos, é difícil ver a Porto da Pedra resistindo no Grupo Especial, enquanto o Império Serrano fica penando no Acesso.

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Mocidade
Depois de muito tempo a escola apresenta um samba que, se não podemos falar que é bom, pelo menos cativante. O refrão pega e com certeza vai deixar a Mociadade numa posição muito mais confortável que este ano, quando bateu na trave do rebaixamento. É desnecessário tecer comentários sobre a bateria que arrebenta e tem uma das melhores levadas de caixa, justamente por ser simples. Beleza de samba, mas vai ficar pelo meio da tabela.

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União da Ilha
"Ôôôô...a União voltou! A União voltou! A União voltou!". Sim, ela voltou, até que enfim! E quebrando o embalo do que vinha acontecendo com as escolas que subiam do Acesso, a Ilha não vai repetir samba (palmas!). Ela ainda traz uma música boa pra caramba, falando de Don Quixote e retorna com alegria para o Grupo Especial para nunca mais descer. Se Deus quiser. A curiosidade da gravação é na segunda parte, onde numa bossa, quem faz o pica-pau (chama a volta da bateria) é um surdo de terceira. Nunca tinha visto isso antes. Maneiro. Salve a Ilha!

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Bola no pé e lágrima no olho

A semana é tensa, intensa e parece não acabar. Um Campeonato Brasileiro efervescente, com 4 times disputando o título. Um é o atual tricampeão; outro é o último campeão da Libertadores; o terceiro se montou para a conquista que espera há muito tempo; e por último, o time que por mais zoneado que seja estruturalmente é movido pelo combustível da paixão e deve algo à sua imensa torcida.

Os 4 se emparelham não só neste campeonato, mas também na vida. Todos têm títulos da Libertadores (três são campeões mundiais), juntos somam 18 troféus nacionais e a cada ano têm que provar sua força, por mais que ela já seja reconhecida.

Interessante analisar o campeonato como um todo. Em cada momento ele foi de um dos 4. No começo era do Inter, time que matava todo mundo até com os reservas e era disparado o favorito. Favoristimo este que se enfraqueceu pela perda da Copa do Brasil no meio do ano.

Enquanto o colorado dos pampas perdeu o pique, o Palmeiras foi subindo. E quando o Wanderley saiu, para assumir o auxiliar Jorginho, teve uma sequencia fenomenal que o pôs na liderança e ainda deixou algumas gordurinhas para se manter por lá. Mas, aí, o Jorginho recolocou o boné e voltou para auxiliar, dando lugar ao técnico mais badalado do momento, Muricy Ramalho.

Por ironia do destino, ele, que já não estava fazendo um bom trabalho no São Paulo, foi para o Palmeiras e confirmou a falta de competência que vem te assombrando. Enquanto Muricy empurrou o Palmeiras ladeira abaixo, seu substituto no ex-time, Ricardo Gomes, comandava uma bela arrancada do tricolor.

O Flamengo, do Cuca, vivia de altos e baixos, e quando os baixos começaram a aparecer no Maracanã, ele guardou a prancheta no saco e meteu o pé. Pra variar, Andrade assumiu. Só que neste ano foi diferente, o Tromba foi acumulando bos resultados, e como a diretoria não acertou com ninguém, ele foi mantido. Porém, foi só ganhar sua promoção que o Flamngo teve uma sequencia de três derrotas. E aí? Fizeram merda? Se fizeram, o que valia era torcer. E assim fio feito, até que ele deu a volta por cima com trablho, serenidade e a chegada de alguns jogadores. Hoje, o time mostra o melhor futebol com o artilheiro e o melhor jogador do campeonato.

No meio dessas trocas, o Atlético-MG, mediano como sempre, até ficou algumas rodadas lá em cima, mas com o passar do tempo virou coadjuvante, previsão mole se tratando do time e de Celso Roth.

Quem merece o título? Todos os 4, claro. Mas como tem bola, essa galera tem também um talento em reclamar. Será possível que depois dessas performances de cada postulante ao título ainda há a possibilidade de pensarem que o campeonato vai ser comquistado por causa de uma mera "entrega de jogo" de um outro que não fez nada na competição?

Por causa do nervosismo e até da insegurança, foi só a rodada de domingo acabar que a pergunta mais constante, em vez de ser "Quem vai ser o campeão?" foi "O Grêmio vai entregar?".

Assim como o Flamengo, qualquer um dos outros 3 poderia estar nessa situação, jogar com o Grêmio. Se tivesse tanta certeza do corpo-mole, o Inter, que no começo era o principal candidato ao título, e que segundo os comentaristas "estava voando" (é brincadeira) teria que começar a reclamar com a CBF já no sorteio dos jogos para se montar a tabela. Ou será que ele já estava fazendo isso há 5 ou 6 rodadas atrás, quando era quinto? Aliás, os colorados realmente acreditavam que chegariam em segundo na reta final?

Não se deve tentar tapar a incompetência com a suposta má vontade do rival. E, realmente, se trata de tanta "má vontade" assim? O Grêmio é o segundo pior time jogando fora de casa, não está nem aí para o campeonato e não ganha do Flamengo no maracanã há 7 anos. (assim como o Fla não ganha do Grêmio no Olímpico)

O Palmeiras entrar nessa história é a coisa mais nojenta que poderia acontecer. O time que ficou 17 rodadas na liderança e tem o "melhor técnico do Brasil" (o Muricy é uma merda) perdeu a liderança por quê? Incompetência! Volta no tempo, palmeirense, e lembra do Sport, do Avaí, do Santo André e do Fluminense.

Não adianta sofrer com antecedência. Fiquem ligados no Santo André e Botafogo, que são seus adversários.

E que o Flamengo não seja incompetente no Maracanã domingo. A nação não merece.

Vamos Flamengo. SRN