terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ao mestre João

Hoje, e já era tempo, vou falar de João Nogueira, um dos maiores personagens no mundo do samba na minha opinião. Feliz coincidência, ele também é aniversariante do dia 12 de novembro como Paulinho da Viola, mas seria uma tarefa muito trabalhosa falar dos dois em apenas um post.

Rubro-negro, malandro, carioca e bom bebedor, João Nogueira foi muito mais que um sambista, mas sim, um defensor de nossa cultura. Um cara que sempre fugiu da intervenção no samba, fazendo com que este fosse puro - ou o mais perto de sua pureza, já que sabemos que esse conceito na música brasileira é complicado.

Foi um cara de corpo fechado, protegido por São Jorge, um ser de luz consumido pelo poder da criação. Criador do Clube do Samba, amante da Portela e da Tradição, amado por todas as escolas e muita gente. Sabia usar a ironia para contestar e também ilustrar a vida do carioca, mais um perfeito cronista da cidade.



Infelizmente, no ano 2000 ele teve o conhecimento do outro lado da vida, e a morte passou a não ser mais ilusão como cantava. Mas deixou muita coisa boa e a cada dia pode-se encontrar uma canção nova dessa fera que teve como parceiros um time bem fraco como Paulo César Pinheiro, Maurício Tapajós, Baden Powell entre outros. Até com o mestre Noel, ele tem uma parceria. Não acredita? Então confira aqui Ao Meu Amigo Edgard, letra de Noel, que depois de anos foi musicada por João.




Músicas preferidas? Tenho várias, inúmeras. De bate-pronto: "Minha Missão", "Chico Preto", "Súplica", "O Homem dos 40" e "Besouro da Bahia". Claro que ainda tem outras muitas, isso porque eu nem quis citar as consagradas obras "Poder da criação", "Espelho", "Além do Espelho" e "Um ser de Luz" e por aí vai.

Melhor disco do cara também é difícil, mas meu palpite é "Vida Boemia".

Fechando o texto, trago uma bela homenagem de Jorge Simas e Paulo César Feital para "esse malandro de primeira com sobrenome de madeira e labareda no olhar".



Um brinde a João Nogueira!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Esse negro tem história, meu irmão



Fez anos ontem um dos caras que, posso afirmar, não reside no mesmo patamar que pobres mortais como nós, Paulinho da Viola completou 67 primaveras.

Tanta exaltação de minha parte, convenhamos, é compreensível, até porque o mestre é uma unanimidade entre fãs, músicos e rodas de samba. Acho que não há uma roda que não toque
Paulinho da Viola, é muito difícil se desvencilhar. A causa disso é que a sua música cativa e faz a gente sempre recordar, até involuntariamente. Isso, sem contar que dá pra fazer um samba de mais de três horas só com elas, sem repetir uma.






Como fã, posso dizer que Paulinho já serviu de trabalho da faculdade, inspiração para compor, assunto na mesa de bar e embalo na roda de samba.
Músicas preferidas? Tenho várias. Posso falar 5 delas, não necessariamente nesta ordem: "Memórias Conjugais", "Amor é Assim", "Coisas do Mundo, Minha Nêga", "Uma História Diferente" e "Não Posso Negar".






Melhor disco: Zumbido.

E como o mestre também gosta de passear pelo choro, na minha humilde opinião, a melhor música dele nesse gênero é "Rosinha, essa Menina". [Infelizmente não acho vídeos dela e, por enquanto ainda não dá pra colocá-la aqui, mas assim que for possível disponibilizarei]

Enfim, termino o texto com uma música não menos magistral que todas que citei. Lembrei ontem com prazer em um momento no samba em Botafogo. Com vocês, o Mestre e Amelia Rabello em "Ruas que Sonhei".





Parabéns!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pelo desrespeito no futebol

O jogo entre Flamengo e Galo no Mineirão - para mim, a final do campeonato - tem tudo para ser um grande espetáculo, mas a atmosfera deveria estar diferente. Acabei de ler a matéria no Globoesporte.com com o Willians falando em cautela e outras coisas importantes. Tudo bem, cautela podemos até ter, mas falar que "o empate lá é uma vitória" porque "não estamos pensando no título, e sim, em se manter no G-4" é um desrespeito à nação. Não digo porque é o Flamengo, mas se fosse com qualquer time.

Vejamos: a 4 pontos do líder, com ainda 5 rodadas pela frente, é claro que o Flamengo está na briga e quer ganhar domingo pra ser campeão e não pra ficar no G-4. Hoje parece que garantir a vaga pra Libertadores está mais importante do que o próprio título.

Fico pensando como se sentem os craques da antiga ao verem esse futebol brasileiro com tanta cautela, preocupação defensiva e joagndo com três volantes no meio. E não é só isso. Futebol em que e jogador faz um gol e na comemoração quase reza uma missa dentro de campo. Isso quando ele quer comemorar, pois às vezes não faz nada por "respeito à torcida adversária".

Essa questão do desrespeito é uma babaquice. O cara não pode dar um drible de efeito, é desrespeito. Mas, o zagueiro pra dar uma lição de moral, pode dar uma voadora no joelho dele.

Eu não sou do tempo em que o Manga falava que o bicho já era garantido quando o jogo era com o Flamengo, nem vi o Leandro dar um lençol na entrada da área pra sair jogando e depois bater no peito falando que "jogava pra caralho". Porém, assisti a algumas gracinhas de Renato Gaúcho, Viola, Djalminha, Romário e outros.

Se o futebol ficar muito cortês, no futuro ninguém vai poder sacanear o outro na rua porque o time ganhou, talvez nem a camisa do meu time vou poder usar mais, porque pode ser um desrespeito com o perdedor.

Desrespeito é o que anda acontecendo. Jogadores sem amor à camisa, relaxados, sem gana de brigar pelo título e com medo de jogar com alegria. Assim como a imprensa, que está sempre em cima do muro, chovendo no molhado e querendo educar o futebol. Alguns comentaristas, além de falarem o que simplesmente todo mundo já está vendo, ainda criticam os jogadores mais irreverentes.

Por isso, sou adepto da provocação, do lençol, da caneta e do dedo na boca mandando o adversário se calar. Se isso é desrespeito, fica aqui o primeiro apoio à prática.