quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lirismo do Rio


Amanhã (01/10) o Teatro Rival vai abrir as cortinas para o lançamento do segundo CD do Galocantô. Ótimo programa para quem quer ouvir belas músicas de um grupo que mostra que gente nova faz samba e não precisa só interpretar as obras dos mestres do passado.

O pouco que sei desse novo trabalho, "Lirismo do Rio", é que mais uma vez o grupo traz um disco com a maioria das músicas inéditas e muitas delas autorais, assinadas, principalmente por Edson Cortes, Rodrigo Carvalho e Lula Mattos. Além disso eles regravam "Meu Baio e Meus Balaios", do Wilson Moreira; e apresentam "Resistência" (me corrijam se estou errado quanto ao nome da música) do Nei Lopes com Zé Luiz do Império.

Sei também que tem muita música boa de novos compositores, como "Arte do Povo" - de Baiaco, Paulo Franco e Mingo - que traz um verso que desde que a ouvi numa noite etílica no Trapiche Gamboa, jamais esqueci: "É dom, é raiz, é verdade, é identidade, é a arte do povo / o tempo envelhece e o samba permanece novo".

Me lembro uma sexta feira, no fim do ano passado, em que fui ao Centro de Referência da Música Carioca assistir à gravação do Galo para um programa da TV Brasil. Na época estava em período de Monografia na faculdade e tinha combinado com o Edson Cortes, o Dinho, uma entrevista para me ajudar no trabalho. O tema era sobre as rodas de samba. Após o show sentamos num boteco - perto do CRMC - eu, Dinho e Marcelinho Corrêa, o maior 7 cordas da chamada nova geração do samba.

Gravador no "rec" em cima da mesa, abre-se a primeira gelada e começa o papo. No princípio, só o Dinho falava, mas depois de mais algumas Brahmas, o Marcelo começou a dar seus depoimentos. Na mesma noite, Marcelinho ia fazer um show na Lapa, então fomos em seu carro para o bairro, que àquela altura - era umas 21h30 - já estava bombando. Enquanto o negócio não começava e o cara tava passando o som dentro do bar, eu e Dinho fomos molhar o bico num isopor ali no começo da Men de Sá.

Eu não iria poder entrar no bar e tampouco ficar na Lapa a noite toda, Dinho também não ficaria. Então continuamos bebendo. O papo foi fluindo, e posso dizer a vocês que foi uma daquelas noites históricas, os dois em pé em frente ao isopor falando de samba, contando histórias e ouvindo muito (da minha parte). Dinho, grande compositor que é, cantarolou vários sambas seus, e eu, sem nenhuma pretensão, cantei alguns também que me arrisco a fazer de vez em quando. Uma honra.

Conversa vai e vem, muitas trocas de latas amassadas por cheias, alguns churrasquinhos para arrematar e conhecidos que passavam por ali para interromper um pouco, eis que Dinho destrincha todo o repertório que estará presente no CD lançado amanhã. Coisa fina, e muito boa, e que espero por quase um ano com muita ansiedade para, enfim, poder ouvir com prazer.

Quando vimos, já era tantas da madrugada, mas não importava. Eu não me lembro, mas qualquer compromisso que poderia ter naquele dia foi justamente desmarcado pela noite histórica encostado no isopor falando sobre samba e ouvindo histórias de um cara que vive intensamente a música e sabe tudo sobre o assunto.

A Dinho, Biro, Marcelinho, Gamarra, Leo Costinha e Lula, o meu muito obrigado e axé para que amanhã seja mais uma noite pra ficar na lembrança!

Vale a pena conferir no site do grupo - www.galocanto.com - vídeos especiais que antecipam o que pode vir no novo CD. Eu até garimpei um de lá.

Com vocês, um pouco de "Fotografia de Papel", de Rodrigo Carvalho e Fred Camacho.
E segue a música...



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Para abrir os trabalhos

Antes de tudo, neste primeiro post de um blog de mais um metido a pensador - ou não - nesta grande rede que mobiliza todos nós (respira), é preciso explicar (na verdade não é preciso mas eu quero) o nome - Calço de Mesa.

O calço de uma mesa sempre está ao meu lado. Ele segurava, na infância, o campo do jogo de botão em cima da mesa; e hoje, faz com que o copo suado não escorregue. Enfim, eu poderia ficar de muito blá blá blá e até meio poético para explicar, mas na verdade, existem 3 coisas que me deixam muito irritado: caixa postal de celular, CD arranhado e mesa bamba. Talvez seja por isso que eu preze tanto a função do Calço.

O calço de mesa funciona muito bem em lugar onde pode-se dizer tudo, e principalmente escutar. Histórias, jargões, lembranças, verdades e mentiras: o butiquim é o melhor pra isso. Por isso, este calço pretende fazer da democracia dos butiquins, e da(s) sabedoria(s) que lá se concentra(m), um espaço de reflexão e informação. Não pretende trazer o butiquim para internet, prática exercida por muitos blogs que por aí estão e fazem isso com louvor, mas sim, simplesmente abrir a janela para falar, escrever e ouvir, que é o que mais faz um calço, além de segurar a mesa.

O pior de um butiquim é que muitas conversas lá são jogadas fora, uma pena, pois o bom é sempre guardar essas grandes frases e histórias. Este blog vai tentar fazer com que esse arsenal seja armazenado e sempre lembrado. Assunto é o que não falta - futebol, samba, música, política (mas só um pouquinho), mulheres... emfin, tudo ou quase. O que vier a gente manda.

E pra começar a ilustrar isso tudo, deixo aqui uma música que presta a homenagem ao personagem maior dentro do cubo de azulejos trabalhados: o chato. Muitos de vocês já podem ter visto este vídeo e se apaixonado pela música de Jota Canalha, bom bebedor, e sambista sem papas, politicamente incorreto. Aproveito para saudar a todos aqueles que fazem do boteco uma verdadeira curva de rio, mas que sem os próprios tudo seria muito diferente.

Um abraço, e segue a música...