terça-feira, 9 de março de 2010

POR UM RIO DE PAZ, SEM PAES

O Rio de Janeiro amanheceu fervendo hoje, com muito congestionamento e arrastões em vários pontos da cidade. Rádio ligado logo cedo e só notícia ruim: arrastão com bandidos portando submetralhadoras na Barra; assalto na Linha Amarela... e eu, parado na Linha Vermelha, na expectativa e esperança de não ver, ouvir ou sofrer nada que convinha com o assunto citado no rádio.

Por falar nisso, estava parado na Linha Vermelha por conta de uma obra para a montagem do "muro acústico" que o nosso prefeito Eduardo Paes está colocando lá. O monumento nada mais é que uma barreira para esconder a favela dos olhos dos turistas que chegam à Cidade Maravilhosa. Digo isto, porque, em vez de deixarem a parede de acrílico - ou vidro, seja lá o que for - transparente, estão sendo pintados desenhos coloridos representando pontos bonitos da cidade.

É isso aí, nosso querido prefeito, o mesmo que acabou com o entretenimento nos jogos de futebol e pretende repetir a dose no carnaval - nossa maior festa popular - agora tem mais esse objetivo: ocultar a outra paisagem que existe.

Se hoje estava fervendo, no fim de semana passado o clima foi bem úmido. Um sábado de caos, três horas de forte chuva e uma população debaixo d'água, não podendo voltar pra casa depois do trabalho ou sair à noite para se divertir. Tudo alagado. A galera deixava o carro em cima da calçada, por emergência, mas no outro dia tinha ele rebocado, porque o "correto" Choque de Ordem não pode dar moleza aos infratores.

Aposto que nosso prefeito naõ botou os pés na rua no sábado. Afinal de contas, ninguém melhor do que ele pra saber o que poderia acontecer se viesse um temporal.

Nossa prefeitura não retomou as obras para desentupir canais que ajudariam a aliviar o curso de água dos rios, mas renovou o contrato com o médium do grupo Cacique Cobra Coral para fazer macumba contra os temporais. É mais fácil apelar pro além que tentar colocar a mão pra diminuir o problema que a cidade tem com enchete desde 1770 (comprovado). O dinheiro da perfeitura é pouco para investir nessas obras, mas é suficiente para alugar jatinhos em suas viagens para Brasília.


Em homenagem aos tempos venezianos em que vivemos, vai uma pérola de Moreira da Silva, retratando a situação da cidade sempre quando São Pedro resolve castigar. Notem que, Cidade Lagoa - de Sebastião Fonseca e Cícero Nunes - foi feita há, pelo menos, uns 60 anos, não sei ao certo. Porém, parece que foi criada no último sábado.

Afinal, o que são 60 anos em três séculos, né minha gente? Nada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário