sexta-feira, 12 de março de 2010

O sagrado Wilson Das Neves

A música da qual me lembrei é um partido em homenagem ao Mestre marçal, citado no texto de ontem. Das Neves faz rimas unindo muitos ditados populares famosos que eram sempre repetidos por Marçal. O que me remete, no texto do Gabriel, à passagem na qual ele fala "Outra virtude sua eram as frases sempre fascinantes como: 'quem muito procura, quando acha não reconhece' e 'não me interessa o preço da banha, eu quero é comer engordurado'".

Com vocês, então, de Wilson Das Neves, Zé Trambique e Paulo César Pinheiro, o partido Mestre Marçal.




O Som Sagrado é um disco completo. Nele, Das Neves mostra muito de sua versatilidade no universo rítmico e melódico do samba e, principalmente, um requinte aguçado nas letras. O começo do disco é composto por uma faixa de abertura emblemática e autibiográfica, O Samba é Meu Dom, além da música que dá nome ao CD, Som Sagrado, gravada também por Beth Carvalho. Entre as duas, destaco uma composição que é um dos sambas mais bonitos da história com o tema "separação", Debaixo do Cobertor. Veja se não estou mentindo:



Na parte do meio, entre as faixas 5 e 10, contém várias pérolas, a começar por Grande Hotel, já muito conhecida, cantada com Chico Buarque. Depois ele emenda Partido do Tempo e, ainda ressalto uma outra homenagem, dessa vez a Ciro Monteiro em Um Samba pra Ciro Monteiro, que ganha a voz de João Nogueira na parceria. A escutar:



Na parte final, quatro músicas geniais. Da 11 a 14, não se pode afirar com certeza qual é a melhor. Além do partido do Mestre Marçal, ainda vem Bisavó Madalena, que exalta os diferentes ritmos da música brasileira e fecha com Fundamento, história de um sambista que veio ao mundo a passeio e viveu somente de samba. Seria também autbiográfica? Acho que não.

Mas dessas a que destaco é uma que também caberia muito bem aos dias de hoje, com tantas dúvidas sobre a eficiência da polícia nas operações, com implantação de UPPs e tudo mais, em morros que têm um uma autonomia perigosa cada vez mais crescente. Não vemos os chefões sendo presos e por enquanto está tudo muito fácil de conter. Espero que O Dia em Que o Morro Descer continue sendo um aviso e não se torne uma profecia. Porque aí o nosso desfile final vai ficar cada vez mais próximo:



Salve Wilson Das Neves, ô sorte!

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