quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mas samba enredo, só ganha um


Sob os mandamentos de Momo, venho aqui desta vez falar de outra paixão de todo brasileiro: o carnaval. Sempre fui e até hoje sou um admirador assíduo dessa festa tão democrática e livre - por mais que queiram mudar isso - onde todo mundo pode tudo e até quem não era de fazer, faz. É, e sempre foi assim, desde os tempos do império, quando o couro comia e alta nobreza perdia a linha nas arruaças do entrudo.

Porém, por mais que o brasileiro pense na festa o ano todo, ainda é outubro e não é hora de falar do carnaval. Pode ser, seim, a hora de falar de samba-enredo! Outra coisa que sempre me cativou. Hoje em dia, graças à internet, podemos saber mais cedo ainda, sem muito esforço, os sambas que vão concorrer para se tornarem as músicas oficiais dos desfiles. Neste ano, por sinal, ando ouvindo muitos, e sei que as agremiações estão na reta final para elegerem seus sambas. Por isso, vou tentar dar aqui minha humilde opinião dos meus preferidos.

No embalo do verso de Wanderley Monteiro que ilustra o título deste post vamos pisando devagarinho para analisar o que podemos esperar para o Carnaval 2010.

O Salgueiro e a Vila já escolheram seus sambas. O primeiro traz um que eu não gosto muito, mas, por outro lado, tem um pouco a cara da escola e dá pra imaginar o Salgueiro embalando a avenida com a música, que não é ruim. O enredo é sobre o Livro e apesar de curto no nome é amplo na ideia, o que facilita a letra não ficar muito específica, mas o refrão é bom. Ouçam aqui e tirem suas conclusões.

A escola de Noel Rosa resolveu homenageá-lo neste ano de 2010 quando se completa 100 anos de seu nascimento. Apesar de haver a disputa, já estava claro que a obra - tão importante pra Vila, afinal de contas vai cantar seu maior personagem - ficaria sob autoria de outro grande poeta, Martinho, que depois de muito tempo emplacou o hino da escola. Confesso que na primeira vez que o samba foi divulgado não gostei muito, mas depois de alguns ajustes o negócio mudou, e promete passar bonito. Os 6 primeiros versos fazem quase um plágio do próprio Martinho de um outro samba seu, "Presença de Noel". Mas, que mal tem? Como o que é bom repete e é tudo dele, deixa o cara reprisar o que ele quiser da maneira que lhe convém.O Martinho arrebentou. Com isso ganham ele, a Vila e nós. O samba é emocionante e deveria ser mais cadenciado, pois na gravação oficial na voz do Tinga está um pouco corrido. Aqui.

A Mangueira, agora presidida por Ivo Meireles, resolveu passar a disputa das semis e finais no Vivo Rio, deixando a imponência do Palácio do Samba e de sua comunidade de fora da festa, visto que os ingressos serão mais caros. Além da disputa do samba, alguns shows de amigos do vosso presidente também vão rolar, como Fernanda Abreu, Funk 'n Lata e Jorge Vercillo. Fiquei tentando imaginar como seria começar uma disputa de samba enredo depois da apresentação do Jorge Vercillo e vice-e-versa. Deixa pra lá.

Voltando. A disputa na Mangueira tem novamente 3 parcerias que vêm chegando às finais constantemente. Delas, a que mais me agrada e acho que deveria ter levado no ano passado é a de Machado, Renan Brandão, Paulinho do Bandolim e Rodrigo Carioca. Novamente a música vem com uma melodia muito bonita e a letra impecável, aliando a história de sambas da Mangueira com a trajetória da música brasilera, desde a época de ouro do rádio até o funk carioca. Aqui. (Os outros são esses: 1, 2, 3)

A Portela vem com um enredo atual falando da internet. Para quem, assim como eu, pensava que poderia ser difícil fazer um samba enredo falando de links, downloads, homepages e tudo mais, não se surpreende. Soa tudo meio estranho no meio das músicas, realmente. Ficam parecendo sambas de bloco.

Com 5 finalistas, vou destacar duas parcerias. A primeira, a tricampeã da turma do Diogo Nogueira e Ciraninho. O samba não é brilhante como o do ano passado, que foi o melhor dos três que o filho do mestre João emplacou, mas tem muita força dentre os outros concorrentes - aqui.

Porém, o que bate de frente neste ano e pra mim leva a disputa é o do Serginho Procópio, Bandeira Brasil, Celso Lopes, Charlles André e João Carlos Filho. É realmente muito difícil um samba com "tecnologia" no refrão embalar, mas nesse caso, eles acertaram e o destaque vem também na segunda parte, pela melodia, que é muito bonita. Aqui.

Os outros da Portela são esses: 1, 2, 3.

Acho que por hoje é só, deixa o resto pra amanhã.
E segue a música...

3 comentários:

  1. Bela análise dos sambas.

    Só destacaria que os meninos da Mangueira tb deveriam ter ganho no ano que o samba campeão rimava "vejo" com "é frevo, é frevo, é frevo". enfim, todos saem quem estava na parceria campeã desse ano. Merceciam mais ainda do q ano passado!!

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  2. Parabéns por este espaço, minhas visitas serão diárias. Muito obrigado.

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  3. Faça o favor de me mandar depois o samba do seu pai?

    Abração

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